ESCREVI A PALAVRA BOLA E A LUZ APAGOU-SE
Eu estava no circo, fazia malabarismo. E de repente, em vez de bolas, mandei gente para o ar.
Um menino que assistia, abria a boca cada vez que a minha mão atirava pessoas.
Ainda não tinha agarrado a última, quando fugiu dela o Bobo falante. Saltou tão alto que mais parecia o Bobo gigante. Bobo que não fala, mas que se ouve.
O menino, boquiaberto e de olhos a brilhar, via agora a rainha ser atirada pelo ar. A rainha cintilava e era espalhafatosa, fazia lembrar a dama antiga que aparecia no Carnaval da escola.
O Zorro que não gostava da rainha, quis tirar-lhe o protagonismo e fez-me atirá-lo alto e a todos espantar.
O menino de pé quase se assustou, mas queria mais, pedia para continuar. O zorro, misterioso, galã e sedutor, deu lugar ao desajeitado, cavaleiro armado, com capa de mágico e nariz de inchar.
Mas, a surpresa veio no fim. De um voo, saltou a coruja pelo ar. O menino bateu palmas quando ouviu a coruja falar. De olhos esbugalhados, nariz intrometido, curiosa via tudo, mas, espantada, não quis conversar.
Então o menino sentou-se e pediu-me para acabar.